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(que não tem em França grande compatibilidade de espirito com o pessoal que a governa) e estavam patriotas como Deroulède e outros, mais intimamente em communhão com os desejos e as esperanças da multidão. Foram estes que semearam, ás mãos cheias, a boa semente. Na Russia, porém, nenhuma semente fructifica sem o consentimento do Czar. Ora o Czar não só admittiu esta semente, mas até a regou. Começaram então essas repetidas visitas dos gran-duques a Pariz, que eram como as andorinhas do Norte annunciando a esperança do renascimento. Pouco mais faziam estes gran-duques do que almoçar pela manhã no Woisin, e jantar á noite no Paillard. Pelo menos os jornaes não lhes narravam outros fastos. Mas já, de restaurante a restaurante, ou por onde quer que fossem, os acompanhava um sulco largo de sympathia popular. E nenhum gran-duque chegava, ou nenhum gran-duque partia, sem que as gares estivessem todas floridas e resoassem já os primeiros e timidos clamores de Viva o Czar!

Depois, alguns homens de lettras, sobretudo Mr. de Vogüé, (que já fizera particularmente a «alliança», casando com uma senhora russa) começaram a popularisar a litteratura russa. Tolstoï foi revelado á França. O seu neo-evangelismo, nascido do pavoroso espectaculo da miseria rural no centro da Russia, enthusiasmou aquelles que an Pariz tambem se voltavam para o idealismo, por fadiga e fartura das velhas e seccas formulas positivistas. Mas Tosltoï e os outros