Página:Echos de Pariz (1905).pdf/127

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presidente da Republica, para os presidentes das camaras, para os ministros (os tres poderes do Estado) um uniforme, nobre e severo, que lhes dê prestigio — esse prestigio material e exterior, que para um povo amigo da arte e da belleza das fórmas, é talvez o mais persuasivo e duravel. Isto é extremamente sensato. É necessario que o poder inspire sempre o summo respeito. Ora, entre dous chefes de Estado — um revestido de uma couraça rutilante, com um capacete emplumado, o outro mettido dentro de um paletot negro, com um chapéo côco — o respeito instinctivo da multidão impressionavel vae para o guerreiro da bella couraça, e não para o sujeito do côco triste. Pelo menos para elle vão os olhares das mulheres — e logo portanto atraz, por uma lei natural, a consideração dos homens. Os philosophos, está claro não regulam a força moral e o valor por estas exterioridades. A pompa toda de Alexandre não conseguiu impressionar Diogenes. Mas a turba não se compõe de philosophos — e para ella perpetuamente a magnificencia solemne será a prova real do poder.

Mas que uniforme se deverá impôr ao snr. Carnot? Não sei. Evidentemente não deverá ser o fato de Luiz XV, de setim branco, e o manto de papo de tucano, que o imperador do Brazil por vezes revestia — e de que elle proprio se ria tão alegremente. Mas é bom que não continue a ser essa lamentavel casaca civil, envergada logo de manhã á luz ironica do sol, de que o imperador tanto gostava e que tanto o prejudicou.