Página:Echos de Pariz (1905).pdf/128

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E já que, atravez de fardas e casacas, vim a recordar o Brazil, como não alludir discretamente ao grande silencio que subitamente se fez em França sobre a revolta que o agita? Apesar de atulhados com as narrações das festas, e com a Russia (que é volumosa), os jornaes de Pariz ainda assim reservam sempre algumas linhas, vinte ou trinta, aos casos curiosos do mundo.

Debalde, porém, se procura agora uma noticia, mesmo falsa, sobre o Brazil. Nada! É como se o almirante Mello e os seus couraçados se tivessem sumido para sempre nas brumas atlanticas. Que digo? É como se o Brazil tivesse desapparecido — ou antes tivesse entrado n’aquella era de felicidade, classicamente conhecida, em que os povos deixam de ter historia. E assim parece ser, pois que o unico rastro do Brazil se encontra n’algum boletim financeiro, onde se dizem os saccos de café vendido, e a indicação dos cambios. E até este mesmo cambio, outr’ora tão agitado, nos apparece agora cheio de quietação e repouso...

Un silence parfait régne dans cette histoire — como diz Musset. É de bom prenuncio este silencio, é de mau prenuncio? Em todo caso, é unico na historia das revoluções. Havia tiros, sangue, colera, tumulto. De repente tudo se cala, tudo se some — e aqui ficamos na Europa boquiabertos, deante de uma forte revolta que se esvaiu no ar, como uma visão de magica. Onde estão os couraçados? onde estão os fortes? onde estão