Página:Echos de Pariz (1905).pdf/144

Wikisource, a biblioteca livre

Quem é o snr. Barthou?

Um politico, e portanto um ambicioso. Além d’isso um intelligente e um ardente.

E que fez o snr. Barthou?

O snr. Barthou realisou um feito sem precedentes na historia constitucional: — convidado, n’esta nova organisação de ministerio, para secretario de Estado das colonias, recusou.

E recusou por um motivo que o eleva justamente a essas alturas moraes em que Plutarcho se começa a enthusiasmar. O snr. Barthou recusou, porque (segundo disse) «não estava habilitado, nem pelos seus estudos anteriores, nem pela experiencia, a tomar conta d’essas funcções». Conhecem alguma resolução mais heroica? Eu não conheço. Um politico de profissão, um ambicioso que se nega a entrar n’um ministerio por não se considerar competente, nem theorica, nem experimentalmente, para gerir um certo ramo da administração — é verdadeiramente prodigioso! E nós todos os que nascemos sob o regimen das cartas constitucionaes, não podiamos realmente suppôr que existisse algures, n’esta Europa politica e parlamentar, um bacharel que sinceramente se julgasse inapto para governar, do fundo do seu gabinete, fumando a cigarette do poder, as colonias do seu paiz!

No antigo regimen de direito divino, frequentemente se viu ser chamado um cabelleireiro para salvar as finanças do reino. Mas, n’esses tempos deliciosos, tudo dependia do bel-prazer de El-Rei. Ás vezes o cabel-