Página:Echos de Pariz (1905).pdf/150

Wikisource, a biblioteca livre

viam revestir esta sala real, foram arrancadas das paredes para se fazerem com ellas as toilettes de Mme Sarah Bernhardt, que é a princeza real da Alfania.

Pela porta nobre d’esta sala desguarnecida entram dous senhores, de casaca e calção de côrte, com gran-cruzes que me pareceram ser da Ordem da Conceição. Um, o mais gordo, é o bibliothecario do rei de Alfania, Christiano XVI. O outro, um moço louro e alegre, é o ministro dos Estados Unidos do Brazil. Exactamente como lhes conto! ministro do Brazil, — que aqui na peça e na Alfania tem o nome de Republica das Cordilheiras. O ministro, esse, dá pelo nome cavalheiresco e hespanholesco de Alvarez! Muito jovialmente e não sem malicia, este ministro Alvarez começa a contar ao bibliothecario (de quem foi condiscipulo no collegio Stanislas em Pariz) as suas attribulações diplomaticas.

Ha dous mezes que elle foi nomeado ministro para Alfania, ha dous mezes que reside na côrte da Alfania, e ainda não conseguiu que o velho rei Christiano reconhecesse a Republica do Brazil! Bem comprehensivel, de resto, esta resistencia de Christiano XVI, que tem oitenta annos, é um autocrata de direito divino, vive no santo horror de todo o liberalismo e de toda a democracia, e não póde comprehender que o povo da Cordilheira expulsasse um velho imperador tão magnanimo e tão paternal.

E todavia (como Alvarez explica, parte para o bibliothecario e parte para o publico) nunca houvera no