mundo uma revolução republicana mais repassada de bons sentimentos monarchicos!
O povo da Cordilheira não detestava, antes amava o seu imperador. Mas quê! Esse imperador nunca residia no seu imperio — e constantemente percorria a Europa, cercado de eruditos, robustecendo a sua sciencia das linguas mortas e lendo manuscriptos no seio das academias. Ora um povo que não se occupa de philologia não gosta de ser governado por um philologo. Sobretudo por um philologo, que parece preferir ao seu throno o seu banco do Instituto de França O throno estava sempre vazio, a cobrir-se de pó — e o imperador sempre em França, no Instituto a esmiuçar raizes hebraicas. Além d’isso, aquelle imperio da Cordilheira desmanchava a harmonia republicana da America do Sul. O quê! todos os paizes em redor usufruindo as venturas da republica — e só a Cordilheira sobrecarregada com uma monarchia e uma côrte! Era discordante.
De sorte que o povo decidiu despedir o seu imperador. Mas este acto de bom senso politico fôra feito com toda a delicadeza, todo o respeito, toda a bonhomia. A Republica surgiu uma madrugada serenamente, e naturalmente, como o sol. O Governo Provisorio fretou logo um vapor (um vapor muito confortavel, accrescenta Alvarez), metteu dentro o seu velho imperador com todas as cautelas, saudou e mandou largar para a Europa. Nem uma palavra, nem um gesto que revelassem azedume ou colera n’esta separação.