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Nem mais, nem menos. Está reconhecido o novo Brazil pelo novo rei d’Alfania. O pobre Christiano suspira — e Alvarez parece bem contente.

Obtido este esplendido resultado, nada mais nos resta senão sahir do theatro e da Alfania, esfregando as mãos. Mas não! Devemos ficar para vêr no segundo acto uma situação verdadeiramente bella, de um pathetico novo, e mais coramovente e profundo que os que resultam dos conflictos da paixão. É aqui uma verdadeira tragedia intellectual.

O pobre principe Hermann, mais que democrata, realmente socialista, já deu ao seu povo todas as liberdades politicas, e até um parlamento e uma carta constitucional.

O velho reino da Alfania está todo transformado e arranjado á moderna, no melhor estylo Luiz Filippe. O primeiro ministro é um jacobino que como elle mesmo confessa, passou a sua mocidade a fazer revoltas contra o antigo Christiano, e a ser preso como cabecilha irreconciliavel. Mas o povo todavia permanece descontente. Ha uma crise industrial em toda a Alfania, uma intensa miseria trazida pelas gréves, e os operarios da capital, obedecendo á velha illusão de que o exercicio de mais direitos politicos lhes trará mais salarios, preparam uma tremenda manifestação nas ruas para reclamar o suffragio universal. O principe Hermann permitte alegremente a manifestação — porque (como elle diz) se o suffragio universal não cura os males do proletariado, ao menos serve-lhe de