Página:Echos de Pariz (1905).pdf/155

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consolação, põe-lhe na alma uma esperança; e o proletario soffre tanto, e está sob o peso de tão fataes injustiças, que por todos os modos deve ser consolado e attendido nas suas exigencias reaes ou ficticias. O que o bom Hermann quereria (como elle tambem declara) era distribuir pelos pobres o superfluo dos ricos: — mas como essa liquidação social não é possivel immediatamente, e como se não póde dar ao proletario todo o pão que elle necessita, dê-se-lhe ao menos todo o voto que elle reclame. E a manifestação aos vinte mil operarios já vem na rua, immensa e clamorosa.

No palacio reina o terror.

Esses milhares de operarios, soltos na capital, permanecerão ordeiros e disciplinados? Os proprios ministros, antigos jacobinos, duvidam — tanto mais quanto a manifestação é capitaneada por anarchistas que estavam presos, e a quem Hermann, apenas regente, logo amnistiou com enthusiasmo. E com effeito não tardam as más noticias. Os manifestantes arvoraram a bandeira negra. Já aqui e além houve conflictos — e as tropas foram apedrejadas. E eis que agora a enorme massa popular avança sobre o palacio! Mas Hermann sorri tranquillamente. Que póde receiar, elle, que ama tão ardentemente os pobres, e que é na verdade o rei dos pobres? O povo avança sobre o palacio? Pois que se escancarem, bem largas, todas as grades dos jardins, que o povo entre, porque o seu rei alli está que lhe estende com amor os braços. E elle mesmo