Página:Echos de Pariz (1905).pdf/157

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será saqueada por uma plebe feroz. E o general governador manda intimar o rei a que lhe diga claramente o que deve fazer, como general! Hermann, n’uma voz de moribundo, murmura:

— O seu dever de soldado!

E cae n’uma cadeira, aniquilado. Fóra ha um lento rufar de tambores. É o primeiro e lugubre aviso para que a multidão disperse, antes que sobre ella rompa o fogo. Hermann ainda se precipita á janella, grita: — «Não! Não!» — É tarde. Uma descarga, outra descarga... E logo após o horrendo clamor dos gritos. São os que morrem!

Um silencio sinistro. Está salva a ordem, com ella a corôa. Um official apparece, todo pallido, com o uniforme em desalinho. A princeza, que cahiu debruços para cima de uma mesa, ergue lentamente a face, pergunta por entre lagrimas:

— Mulheres mortas?

O official murmura:

— Muitas.

Creancinhas?

— Tambem...

Hermann, esse ficou como petrificado, sem voz, sem vida, com os olhos cravados no tapete. É que está vendo n’elle, cobertos de sangue, os pedaços do seu bello sonho humanitsrio, que se despedaçou. Elle é o primeiro rei democrata da Alfania; e eis que, por muito amar o povo e o encher de grandes esperanças e o lançar largamente no caminho de todas as satisfações