Página:Echos de Pariz (1905).pdf/163

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a Europa um terror, uma commoção maiores (porque hoje somos mais sensiveis, e o telegrapho e a reportagem dão um alimento mais prompto e mais abundante a essa sensibilidade) que a commoção e o terror causados pelo terramoto de Lisboa em 1755. Depois, immediatamente, o poder executivo, que não fôra demolido, nomearia um ministerio em substituição do ministerio assassinado; e esse novo ministerio, mesmo assumindo provisoriamente a dictadura, fixaria uma data para que a nação elegesse uma camara nova em substituição da camara desbaratada. Em seguida a França faria aos mortos funeraes magnificos. Vaillant seria guilhotinado, visto não existir, mesmo para crime tão prodigioso, pena mais completa que a guilhotina.

O governo decretaria terriveis leis de repressão e, com o apoio enthusiasta do paiz todo, os anarchistas seriam perseguidos, em montarias, como lobos. O Estado reedificaria o edificio do parlamento em condições mais seguras, e com linhas de certo mais bellas. E finalmente de novo a camara se reuniria no seu novo edificio, e o tempo, que é um grande apagador, iria apagando a impressão pungente da catastrophe, e os pobres soffreriam as mesmas necessidades, e Rothschild gozaria os mesmos milhões, e a sociedade burgueza e capitalista continuaria o seu movimento sem ter perdido um atomo do seu capital e do seu burguezismo. Do feito horrendo, só restariam, pelos cemiterios do Père-Lachaise ou de Montmartre, algumas viuvas chorando. E o proletariado anarchista que teria consegui-