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agrupamentos humanos. É a eterna inutilidade do regicidio, que, matando o homem, não mata o systema.

O nihilismo russo experimentou essa inanidade da violencia: um czar era assassinado, logo outro era coroado, que do proprio crime commettido sobre o pae parecia tirar um accrescimo de força e como uma nova sancção. Por isso Proudhon, que o anarchismo venera como um de seus santos-padres, prégou constantemente contra o tyrannicidio, contra as tendencias tyrannicidas dos jacobinos do segundo imperio (hoje homens de poder e auctoritarios) como prégaria, se vivesse, contra a bomba dos anarchistas, por constituir uma outra fórma de tyrannia, e ser sobretudo um tão lamentavel desperdicio de energia heroica.

Mas, por outro lado, se a bomba de Vaillant e de muitos Vaillants, é impotente para arrasar, ou mesmo aterrar efficazmente a sociedade burgueza — a sentença que condemna á morte os Vaillants é impotente para supprimir ou sequer assustar o anarchismo. Com estas sentenças, inspiradas por um dever e por uma esperança, o dever fica de certo cumprido porque o criminoso fica castigado; mas a esperança não se realisa, porque nem os anarchistas diminuem, nem se tornam mais raros ou mais timidos os seus assaltos contra a sociedade. Pelo contrario! Está demonstrado, e pela propria policia, que, desde as primeiras bombas e portanto desde as primeiras repressões, o numero dos anarchistas tem crescido na proporção formidavel de um para mil; e emquanto que a primeira bomba foi