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Página:Echos de Pariz (1905).pdf/176

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solemnemente, e deixa cahir a morte sobre um mundo condemnado. Os anarchistas, elles proprios, já fallam na belleza do seu gesto. N’uma sociedade tão culta como a nossa, e tão saturada d’arte, uma revolta social deveria necessariamente ter, além da justiça, a elegancia plastica, a graça magestosa mesmo, no seu furor. O anarchismo já se sentia justo. Os poetas mais entendidos em harmonia e rythmo acabam de lhe assegurar que elle é tambem estheticamente bello.

Mas é sobretudo na imprensa que o anarchismo encontra um mais vivo estimulo ao seu desenvolvimento. Todos os jornaes de Pariz, quer sejam ferozmente hostis aos anarchistas, quer nutram por elles uma mal disfarçada benevolencia, são unanimes n’um ponto: — em os cercar da mais prodiga e resoante celebridade. Um general victorioso, um grande homem de estado, um poeta como Hugo, um sabio como Pasteur, nunca tiveram na imprensa de Pariz um reclamo tão minucioso como tem qualquer aprendiz de anarchista, que atire contra um velho muro uma bombasinha timida.

Se é anarchista, se lançou a bomba — é d’elle a fama universal, que nem sempre conseguem os santos e os genios.

Mal se póde imaginar a que excessos se abandonou a reportagem de Pariz a respeito de Vaillant. Os menores actos da sua vida, a góla de astrakan do seu casaco, o seu modo de enrolar o cigarro, o que comeu, o que disse, o sobr’olho que franziu — tudo foi miuda-