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tragico-maritima, tirado este proverbio: «Só a grande náo, grande tormenta». E por isto significavam implicitamente um certo desdem por toda a barcaça chata e núa, que passava desapercebida do vento e da vaga. O Bairro Latino está creando um proverbio parallelo — «Só a grande professor, grande berreiro». Quando o professor é chato ou oco, em torno d’elle ou do seu ensino ha indifferença e calmaria. O escandalo, ao contrario, prova um mestre.

Ora, d’um homem por tantos motivos importante como o snr. Brunetière, todas as palavras são importantes. Por isso, a feroz verrina que elle, no seu discurso de recepção na Academia Franceza, lançou contra os jornaes e os jornalistas, mereceu mais attenção do que geralmente merecem estas grandes e usuaes imprecações contra a imprensa, as mulheres, o vinho e outros males.

Eu conheço imperfeitamente o snr. Brunetière, que é um critico de profissão. Se n’esta nossa edade de colossal e quasi abusiva producção (só a França publica por anno 12.000 volumes!) já não ha tempo para lêr os auctores — quanto menos os commentadores! O snr. Brunetière ensina agora na Sorbonne a comprehender e amar Bossuet. Mas quem teve o vagar ditoso de lêr primeiramente Bossuet, se é que o não leu no começo da sua educação classica? Eu, na minha mocidade, folheei os Sermões e as Orações Funebres; mas não cheguei a penetrar, como devia, no Discurso sobre a Historia Universal. E desde então, desgra-