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dade do snr. Brunetière augmenta a minha antipathia, toda de instincto, para com este homem de talento e de bem. Não posso por isso ser considerado suspeito, ao approvar, como approvo, todas as accusações que, no seu discurso de recepção na Academia, elle desenrolou contra os jornaes, contra os jornalistas, e, portanto, contra mim, que sou, a meu modo, e d’um modo bem imperfeito, uma especie de jornalista.


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O snr. Brunetière censura á imprensa a sua superficialidade, a sua bisbilhotice e escandaloso abuso de reportagem, e o seu sectarismo. Ser superficial, bisbilhoteiro e sectario, é ter realmente uma respeitavel somma de defeitos.

Um só basta para desacreditar em materia intellectual ou social. Todos juntos pedem as gemonias. E todavia a imprensa, que os possue todos, está n’um throno e resplandece. Mas Nero e Vitellio governaram o mundo — e a sua triumphal auctoridade não lhes tira a indecente monstruosidade!

A imprensa, que tambem ho je governa o mundo, não é, Deus louvado, nem indecente, nem monstruosa. Todos esses vicios, porém, que lhe attribue o snr. Brunetière, é certo que ella os pratica, em proporções diversas, segundo o seu temperamento de raça e as suas condições funccionaes. O Times e outros jornaes inglezes, riquissimos e possuindo toda uma cohorte de