Página:Echos de Pariz (1905).pdf/196

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mas sobre toda a «sorte e condições de gente», desde as cocottes até aos jockeys, e desde os dandies até aos assassinos, succede que esta indiscriminada publicidade, sem concorrer em nada para a documentação da historia, concorre, e prodigiosamente, para o desenvolvimento da vaidade.

O jornal é hoje, com effeito, o grande assoprador da vaidade humana. Em todos os tempos houve vaidosos — e não querem de certo que eu estafadamente cite o estafado Alcibiades cortando o rabo do seu estafado cão, para que se falle d’elle nas praças de Athenas. A vaidade é mesmo muito anterior a Alcibiades: já apparece a paginas 3 da Biblia, e a folha de vinha, bem collocada, é o seu primeiro acto mundano. Incontestavelmente, porém, em nenhum tempo a vaidade foi, como no nosso, o grande, o principal motor das acções e da conducta. N’estes estados de alta civilisação, que produzem cidades do typo de Pariz e de Londres, tudo se faz por vaidade, e com um fim de vaidade.

E d’essa fórma nova e especial da vaidade só o jornal é culpado, porque foi elle que a creou. Essa forma consiste na notoriedade que se obtém através do jornal.

«Vir no jornal», ter o seu nome impresso, citado no jornal — eis hoje, para uma forte maioria dos mortaes que vivem em sociedade, a aspiração e recompensa supremas.

Nos regimens aristocraticos, o grande esforço era obter, senão já o favor, ao menos o sorriso do principe.