Página:Echos de Pariz (1905).pdf/217

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amarello ardente e brilhante, como as florinhas do campo de Portugal chamadas botões de ouro, e feita certamente d’aquelle antigo tecido que se fabricava na ilha de Cós, e que pela sua transparencia e leveza aerea os poetas da Grecia diziam ser feito de luz e vento.

Como chapéo tinha apenas alguns amores perfeitos, em grinalda, tambem amarellos. Era uma nympha, e assim montanhosa, sobrancelhuda, beiçuda, de venta larga, com um saracoteio que lhe collava a tunica e lh’a enrodilhava nos vastos membros de elephante ameno, fendia soberbamente a turba, meneando um immenso leque, ainda amarello, furiosamente amarello. Taes eram estas duas parizienses, as duas obras vivas do parizianismo que mais me impressionaram n’estas festas de Santa Esthetica. Dizem que Pariz continua a impôr ao mundo a regra do gosto e do bem-vestir, e que, tendo perdido todo o predominio em materia de philosophia e de sciencia positiva, exerce ainda uma influencia intensa através das suas costureiras. Por isso traslado fielmente, para uso das raças menos inventivas, estes dous figurinos que se me affiguram consideraveis.


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Emquanto ás outras obras expostas no Salão, os quadros e as estatuas, a primeira lição que lhes tirei foi meramente sociologica; e por via d’ellas (mirabile di-