Página:Echos de Pariz (1905).pdf/239

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do reinado desaba bruscamente: o thesouro amontoado por Sully é esbanjado ao vento; todas as construcções, por falta de dinheiro, se interrompem; todas as grandes manufacturas se fecham, e os operarios vagueiam famintos; a trama das allianças, tao habilmente urdida, n’um instante está desfeita — e ahi temos em breve a guerra dos Trinta Annos! Aquelle rei morto levava comsigo para o tumulo o pão, a paz, a posição, as vaidades de milhares de vasallos. Por isso em Pariz foi terrivel a desolação. Como diz ainda Michelet, cada cidadão se considerou pessoalmente perdido: e nas casas, como uma desgraça domestica, as mulheres gritavam arrepellando os cabellos!

Com a perda do snr. Carnot, assassinado como Henrique IV, nenhum cidadão (superfluo é lembrar) se considera perdido: e as mulheres, em vez de arrepellar o cabello, põem mais cuidado em o pentear, para assistirem, com uma curiosidade ligeira, á festa dos funeraes.

Não ha obras interrompidas, nem operarios despedidos. Pelo contrario! O trabalho cresce. Os jardineiros, os floristas, os fabricantes de corôas, embolsam mais de tres milhões de francos. O assassinato do chefe do Estado anima o commercio. De facto, não ha nada mudado em França — apenas um bom francez de menos.

Isto não prova a fraqueza das instituições monarchicas, porque depois de Henrique IV morto houve logo Luiz XIII posto, e o throno de França, com