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Página:Echos de Pariz (1905).pdf/27

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é o mal! A propriedade é o roubo! Queremos a liquidação social!

A sua apparencia era hoffmanica; duas longas pernas de cegonha triste, olhos rutilantes n’uma face ascetica e uma gaforinha descommunal, crespa, revolta e côr d’estopa. De resto, bravo e honesto. Uma noite, o snr. Paulo installava-se deante do seu grog, quando avista sobre a meza um papelinho perfido, contendo esta abominavel sextilha:

A loira e dôce Maria
Que a ninguem d’amores maltrata,
Foi avisada outro dia
Que Paulo a vem visitar,
E eil-a que rompe a gritar:
— Depressa! fechem a prata!

Só Homero que disse os furores d’Ajax, poderia pintar a cólera do snr. Paulo e os seus repellões á guedelha... Logo ao outro dia tinha descoberto que o deploravel poeta era um sujeito obeso, d’olho obliquo, exhalando um cheiro adocicado de sachristia — que saboreava tambem os seus grogs no café e dirigia um jornal jesuita, A Palavra. A sextilha tomava, assim, as proporções sociaes de uma injuria arremessada pela egreja contra a revolução. Era a graça calumniando a consciencia.

D’aqui um duello no bosque de Vincennes... Caminham um sobre o outro de pistola alta. Fogo! A bala do homem da Palavra vae cravar-se na anca de