Página:Echos de Pariz (1905).pdf/35

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Não creio, porém, que esta amnistia, tão generosamente concedida pelo snr. Gambetta, desarmará o socialismo, e o reconciliará com a Republica conservadora. Espanto-me mesmo que haja velhos jornaes, cobertos de experiencia e de cans, que o acreditem, com a ingenuidade de tenros enthusiastas. E o mesmo Gambetta parece crêl-o quando exclama que, eliminada esta questão irritante, haverá só uma Republica e uma só França!

Rhetorica! A questão da amnistia era, decerto, nas mãos da esquerda intransigente uma arma util: «Vêde essa Republica de conservadores que deixa nas galés os vossos irmãos, os vossos maridos!» Este grito ia direito á indignação dos homens e á sensibilidade das mulheres.

Para resolver o operario era, sem duvida, um optimo grito: mantinha-o em desconfiança e em hostilidade; e nas eleições proximas levaria de certo a turba proletaria para os candidatos do socialismo. Mas, perdida esta arma contra a republica do Justo-meio, esta Durindana brilhante do Rappel e do Mot d’Ordre, restam innumeraveis machinas de guerra no vasto arsenal da questão social. Basta, por exemplo, pôr em posição a famosa catapulta da separação da egreja e do estado, para abalar a fragil muralha do Gambettismo.

Os conservadores, para se conservarem a si mesmos, terão de ceder: e de concessão em concessão, como um sapo aos saltinhos successives, irão cahir na guela escarlate da serpente socialista. Todas as medidas d’es-