Página:Echos de Pariz (1905).pdf/36

Wikisource, a biblioteca livre

tes ultimos dois annos, depuramento do funccionalismo, expulsão dos jesuitas e volta dos communistas, têm sido exigencias da extrema esquerda, do mundo do Rappel, da Justice e do Mot d’Ordre.

E outras reclamações virão — todas necessariamente satisfeitas — e cada uma tirando um cabello a Samsão e uma parcella da sua força á Republica... A questão está collocada entre o proletario e o burgues. É Clemenceau contra Gambetta. E isto, que é o socialista Clemenceau, matará fatalmente aquillo, que é o jacobino Gambetta: e isto, que é o sapateiro Trinquet, eliminará mais tarde aquillo, que é o philosopho Clemenceau.

Mas, por estes dias ao menos, esta Republica moderada está solida. Tem por si a burguezia: os burguezes de hoje são a antiga população das Gallias — que já no tempo de Cesar amava sobretudo as palavras sonoras e as espadas atrevidas. Por isso a burguezia se sente segura, apoiando-se na oratoria de Gambetta e no sabre de Gallifet.

Para nós que não somos francezes, preparam-se-nos horas de jovialidade, porque vêm ahi os exilados e á frente Rochefort. Se o grande pamphletario, o gaiato sublime como lhe chamou Michelet, o ardente sagitario, não perdeu nas amarguras do desterro a sua verve prodigiosa, o ardor acerado, as luminosas flechas que feriram de morte o Imperio — vae ser curioso vêl-o erguer-se no boulevard, como nos dias inolvidaveis da Lanterna, com a face pallida e a sua ga-