Problema Europeu — e occupa tanto o nosso pensamento como o socialismo, a evolução religiosa ou a crise capitalista! Talvez mais — porque até o proprio snr. Renan, cuja alma, pelo exercicio constante do scepticismo, ganhou a impermeabilidade e a dôce indifferença de uma cortiça, para quem toda a vaga é embaladora e bôa, declara, na sua derradeira epistola aos incredulos, que só lhe pesa morrer (e pelas suas confissões bem sabemos quanto a vida lhe corre deliciosa e perfeita!) por não poder assistir ao desenvolvimento final da personalidade do imperador da Allemanha!
Com effeito, desde que subiu ao throno, Guilherme II, imperador e rei, ainda não deixou de attrahir e reter sobre si a curiosidade do mundo, uma curiosidade divertida e arregalada de publico que espera surpresas e lances — como se esse throno da Allemanha fôsse na realidade um palco vistosamente ornado, no centro da Europa. E esta é até agora a obra pittoresca de Guilherme II — o ter convertido — o throno dos Hohenzollerns n’um palco onde elle constantemente e soberbamente se exhibe, com caracterisações inesperadas. Bem póde, pois, o sentimental heresiarcha da Vida de Jesus lamentar que a morte lhe não consinta assistir, no quinto acto, á solução d’este imperador problematico! Pois que, por ora, n’este primeiro acto de tres annos, desde que elle trilha o seu palco imperial, Guilherme II, pela diversidade e multiplicidade das suas manifestações, só tem revelado que existem n’elle, como outr’ora em Hamlet, os germens de ho-