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Página:Echos de Pariz (1905).pdf/45

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mens varios, sem que possamos preconceber qual d’elles prevalecerá, e se esse, quando definitivamente desabrochado, nos espantará pela sua grandeza ou pela sua vulgaridade. Realmente, n’este rei, quantas encarnações da realeza!

Um dia é o Rei-Militar, rigidamente hirto sob o casco e a couraça, occupado sómente de revistas e manobras, collocando um render-da-guarda acima de todos os negocios de estado, considerando o sargento-instructor como a unidade fundamental da nação, antepondo a disciplina do quartel a toda a lei Moral ou da Natureza, e concentrando a gloria da Allemanha na mechanica precisão com que marcham os seus galuchos. E subitamente despe a farda, enverga a blusa, e é o Rei-Reformador, só attento ás questões do capital e do salario, convocando com fervor congressos sociaes, reclamando a direcção de todos os melhoramentos humanos, e decidindo penetrar na historia abraçado a um operario como a um irmão que libertou. E logo a seguir, bruscamente, é o Rei-de-Direito-Divino, á Carlos V ou á Phillippe-Augusto, apoiando altivamente o seu sceptro gothico sobre o dorso do seu povo, estabelecendo como norma de todo o governo o sic volo, sic jubeo, reduzindo a Summa Lei á vontade do Rei e, certo da sua infallibilidade, sacudindo desdenhosamente para além das fronteiras todos os que n’ella não creem com devoção. O mundo pasma, — e, de repente, elle é o Rei de Côrte, mundano e faustoso, attento meramente ao brilho e ordem sumptuosa da Etiqueta, regulando