Página:Echos de Pariz (1905).pdf/51

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quasi visivel na sua longa tunica azul dos tempos de Abrahão, para em tudo o ajudar e o servir com a força d’esse tremendo braço que póde sacudir, atravez dos espaços, os astros e os sóes, como um pó importuno. E a certeza, o habito d’esta sobrenatural alliança vae n’elle crescendo tanto que de cada vez allude a Deus em termos de maior igualdade — como alludiria a Francisco d’Austria, ou a Humberto, rei de Italia. Outr’ora ainda o denominava, com reverencia, o Amo que está nos céus, o Muito alto que tudo manda. Ultimamente porém, arengando com champagne aos seus vassalos da Marca Brandeburgo, já chama familiarmente a Deus — o meu velho alliado! E aqui temos Guilherme e Deus, como uma nova firma social, para administrar o Universo. Pouco a pouco mesmo, talvez Deus desappareça da firma e da taboleta, como socio subalterno que entrou apenas com o capital da luz, da terra e dos homens, e que não trabalha, ocioso no seu infinito, deixando a Guilherme a gerencia do vasto negocio terrestre: — e teremos então apenas Guilherme e Cia. Guilherme, com supremos poderes, fará todas as operações humanas. E «companhia» será a fórmula condescendente e vaga com que a Alemanha de Guilherme II designará Aquelle para quem todavia, segundo crêmos, — Guilherme II e a Allemanha toda são tanto, ou tão pouco, como o pardal que n’este instante chalra no meu telhado!

Um magnifico e insaciavel desejo de gosar e experimentar todas as fórmas da Acção, com a soberana