segurança que Deus lhe garante e promove o exito triumphal de cada emprehendimento — eis o que me parece explicar a conducta d’este imperador mysterioso. Ora, se elle dirigisse um imperio situado nos confins da Asia, ou se não possuisse na Torre Julia um thesouro de guerra para manter e armar dous milhões de soldados, ou se estivesse cercado por uma opinião publica tão activa e coercitiva como a da Inglaterra, Guilherme II seria apenas um imperador, como tantos, na historia, curioso pela mobilidade da sua fantasia, e pela illusão do seu messianismo. Mas, infelizmente, plantado no centro da Europa trabalhadora, com centenares de legiões disciplinadas, um povo de cidadãos disciplinados tambem e submissos como soldados — Guilherme II é o mais perigoso dos reis, porque falta ainda ao seu dilettantismo experimentar a fórma da Acção mais seductora para um rei — a guerra e as suas glorias. E bem póde succeder que a Europa um dia acorde ao fragor de exercitos que se entrechocam — só porque na alma do grande dilettante o fogoso appetite de «conhecer a guerra», de gosar a guerra sobrepujou a razão, os conselhos e a piedade da patria. Ainda ha pouco, de resto, elle assim o promettia aos seus fieis solarengos do Brandeburgo: — «Levar-vos-hei a bellos e gloriosos destinos». Quaes? A varias batalhas de certo, onde triumpharão as Aguias germanicas... Guilherme II não o duvida — pois que tem por alliado, além de alguns reis menores, o Rei Supremo do Céu e da Terra, combatendo entre a Landwehr
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