Página:Echos de Pariz (1905).pdf/71

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e se atiram alegres foguetes. A folgança de cada lar faz o festival de toda a cidade; — e é o doce amigo, o padroeiro que está no céu, que se celebra com carinho, na certeza que elle vê a festa, e se mistura a ella do alto das nuvens, e sorri de reconhecimento e ternura aos seus amigos da terra. Mas se, em vez de S. João ou de S. Pedro, fôsse imposto ao povo o dever de celebrar um grande acontecimento da Egreja, como a conversão de Constantino ou os artigos do concilio de Nicéa, não haveria nem uma luminaria, nem um foguete. E o povo diria com razão: — «S. João é um amigo meu, muito intimo, cuja imagem eu tenho á cabeceira, a quem devo favores e que festejo com immenso prazer; mas essa Nicéa que eu não sei onde é, e esse Constantino com quem nunca travei relações, não valem para mim o preço de uma lamparina.»

É o que succede com as festas nacionaes por acontecimentos publicos. Pertencem muito ao dominio dos principios e aos movimentos sociaes para que o povo, que é todo individualista, sinta por elles a menor migalha de enthusiasmo ou carinho. Para que a Republica pudesse ter uma grande festa, devia organisal-a em favor de um grande republicano. Mas ahi é que está a difficuldade. Qual grande republicano? Nenhum reune a admiração unanime.

Se se decretasse a festa de Robespierre, todos os liberaes-girondinos protestariam com furor e haveria sangue.

Se se decretasse a festa de Danton, todos os jaco-