para possuir. Se eu tivesse meios de me apoderar de Sião, já esse reino seria meu, e eu exerceria lá os meus direitos de conquistador com doçura e magnanimidade. Mas não tenho meios de me apoderar de Sião. A França tem. A Inglaterra tambem. E ambas, muito naturalmente, se encontram ha annos n’esses confins do Oriente, lado a lado, com o olho guloso cravado sobre Sião. E não as censuro. Eu proprio, como disse, se possuisse exercitos e frotas, teria já empolgado Sião. O animal inconsciente foi posto sobre a terra para nutrir o animal pensante — e por isso com bois se fazem bifes. Os paizes orientaes são feitas para enriquecer os paizes occidentaes — e por isso com os Egyptos, os Tunis, os Tonkins, as Cochinchinas, os Siãos (ou Siões?) se fazem para a Inglaterra e para a França boas e pingues colonias. Eu sou civilisado, tu és barbaro — logo, dá cá primeiramente o teu curo, e depois trabalha para mim. A questão toda está em definir bem o que é ser civilisado. Antigamente, pensava-se que era conceber de um modo superior uma arte, uma philosophia e uma religião. Mas, como os povos orientaes têm uma religião, uma philosophia e uma arte, melhores ou tão boas como as dos occidentaes, nós alteramos a definição e dizemos agora que ser civilisado é possuir muitos navios couraçados e muitos canhões Krupp. Tu não tens canhões, nem couraçados, logo és barbaro, estás maduro para vassalo e eu vou sobre ti! E este, meu Deus, tem sido na realidade o verdadeiro direita internacional, desde Ra-
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