Página:Echos de Pariz (1905).pdf/91

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Semsaboria ou delicia, desde esse momento supremo elle passou a ser o homem mais explorado de toda a christandade e mesmo de toda a mourama. Pagou, naturalissimamente, as toilettes da menina e da familia da menina; mobilou para a menina casa no campo e casa na cidade; e para a tornar mais respeitavel, e robustecer a sua posição na sociedade, deu um dote e um marido á menina.

Educado no idealismo incorrigivel dos romances da Revista, imaginava Buloz que, tendo fornecido o dote e o marido, liquidara para sempre o erro sentimental da sua vida. Buloz ignorava a realidade humana, e sobretudo pariziense. Desde esse instante, ao contrario, a menina e o marido tomaram posse definitiva de Buloz. Ameaçando o desventuroso homem de revelarem a sua «infamia de seductor» a Mme Buloz e á Revista dos Dous Mundos, o horrendo casal passou a saquear Buloz, como se saqueia uma cidade conquistada.

Ao principio com methodo, com ordem, mensalmente. No primeiro do mez, os dous bandidos apresentavam a conta do seu silencio — e Buloz pagava pontualmente o silencio dos dous bandidos. Depois as exigencias foram mais urgentes e tumultuosas. É o comer que faz a fome. O abominavel par queria reunir rapidamente uma fortuna — e cada dia, agora, ás vezes mesmo duas vezes por dia, Buloz recebia a reclamação de novas sommas a pagar. E pagava — para manter intacta no mundo, com a sua posição domestica, a sua situação social de director grave de uma revista gra-