E uma assembléa dos accionistas da Revista pronunciou egualmente divorcio entre a casta Revista dos Dous Mundos e o seu galante director Buloz. Assim Buloz, ao fim da vida, perde a sua mulher e a sua revista. E porquê? Por ter sido abjectamente roubado, durante annos, por dous odiosos bandidos. Esses é que não perderam nada, os bandidos, nem mesmo a consideração do seu bairro, porque durante todo o escandalo os seus nomes não foram sequer pronunciados, á maneira de nomes sagrados. Tal é Pariz.
Sobre a resolução de Mme Buloz não é permissivel fazer commentarios. Mas a resolução dos accionistas da Revista parece-me excessivamente austera e illogica.
Durante esta sua amarga aventura, Buloz não fez senão adquirir noções exactas sobre as realidades da vida — e o seu peculio de conhecimentos sobre o homem e a mulher deve-se ter singularmente enriquecido. Está pois, mais que nunca, nas condições experimentaes de dirigir uma revista, sobretudo aquella secção de revista de que elle com mais particular amor se occupava, a do romance. Agora realmente é que a opinião de Buloz sobre enredos, caracteres tortuosos de heroinas e miserias finaes de todo o sentimento teria valor e auctoridade. E agora justamente é que o afastam d’essa cadeira directorial de alta critica, para a qual as suas desventuras o tinham, emfim, tornado idoneo! Ha aqui evidentemente um erro de criterio, além de uma falta de misericordia.