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se ergueram, na tribuna e no jornal, contra a corrupção parlamentar e financeira, como Drumont, Andrieux, Delahaye, etc., foram derrotados em todos os circulos, com um enthusiasmo esmagador e jovial.

Feita esta primeira eliminação, o suffragio universal passou a riscar cuidadosamente do parlamento todos os politicos profissionaes e militantes, que, na direita ou na esquerda, faziam essa politica negativa, só diluidora e desmanchadora, occupada apaixonadamente, e com uma arte subtil, a embaraçar ministros e desorganisar ministerios.

E assim homens como Clemenceau e Cassagnac, que entravam na camara com unanimidades triumphaes, estão, senão já derrotados, pelo menos humilhantemente empatados, e prestes no proximo domingo a voltar áquella occupação tão justamente louvada pela sapiencia antiga, e que consiste em cada um plantar as suas couves dentro do seu quintal.

Terminada esta segunda limpeza, o suffragio universal passou a expulsar da representação nacional todos os ideologos, todos aquelles que procuram fazer a remodelação das fórmas sociaes por meio de uma revolução nas ideias moraes. E assim um nobre homem como o conde de Mun, o cavalleiro andante do socialismo christão, é vencido na Bretanha, sua patria espiritual, por um pequeno advogado bretão que, em vez de annunciar aos eleitores o proximo advento do céu sobre a terra, lhes promette, muito comesinhamente, uma reforma do imposto rural.