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Hermano, costumava à tarde sentar-se no jardim, em um caramanchão que ficava perto da grade, mas oculto pelas trepadeiras. Ali viam-se de passagem, conversavam um instante, e separavam-se para de novo reunirem-se à noite na sala.

Passados os primeiros dias depois do rompimento, a moça tornou a esse hábito, talvez na esperança de que ele facilitasse a aproximação de Hermano. Ela adivinhara a razão que havia determinado a súbita mudança do amante; mas queria ouvi-la de seus lábios.

Com efeito uma tarde, ao escurecer, ouviu o rangido da areia sob os passos de alguém que se aproximava; não ergueu os olhos do livro, mas pressentiu que era ele; e não se enganava.

— Não venho pedir-lhe perdão. Não o mereço; e a senhora não pode e não deve conceder. Desejo, porém que saiba a causa do meu procedimento, para que não duvide um instante de si e do respeito e admiração que me inspirou Quer ouvir-me?.

— Fale, murmurou a moça comovida.

— No momento de ligar para sempre o seu ao meu destino, hesitei; apoderou-se de mim um grande tenor. Tive medo de fazer a sua infelicidade.

— Por quê?.