Página:Encarnação.djvu/142

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se então e disse-lhe impetuosamente com uma voz sufocada:

— Sou um miserável, Amália; sacrifiqueia-a indignamente. Amei com paixão, jurei fazer a sua felicidade, que era a minha, uni o meu ar, seu destino: e eu não me pertencia, não era livre, não podia dispor de mim! Sou um miserável!.. Trai a minha primeira mulher, e à segunda enganei!....

— Não me enganou, Hermano; afaste semelhante idéia. Eu sabia o que se passava em seu espírito e previ o que veio acontecer. Se alguém errou, fui eu que me iludi numa esperança falaz, mas tão grata. que ainda me deixaria enlevar por ela se fosse possível.

— Sabia, Amália?... Mas por que não me repeliu? E eu, cego que estava, roubei-lhe a felicidade, a existência inteira!

— Tinha esse direito. Ela lhe pertencia.

Hermano afastou-se arrebatadamente com um gesto de desespero Amália foi a ele com o pensamento de acalmar essa agitação e de convencê-lo da necessidade de uma separação que aplacada os seus escrúpulos, e pouparia a ela novos e cruéis martírios.

O marido, porém, voltara para dizer-lhe:

— Não se aflija, Amália!.. Cometi uma