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Nos raptos da imaginação, viu outra vez as duas esposas, a quem havia jurado fidelidade. Às vezes, elas se aproximavam, perto, muito perto, uniam-se estreitamente, e fundiam-se numa só massa vaporosa, donde surgia afinal essa mulher dúplice, essa Julieta-Amália, que estava pintada no retrato.

Pouco depois a imagem da esposa gêmea também por sua vez apagava-se em uma sombra indecisa, da qual se destacavam as duas moças, cada uma no seu tipo distinto Julieta com a esquisita elegância, que vestia de uma graça divina a sua figura apenas regular e Amália com a deslumbrante beleza, que materializava a sua alma, vazando-a em formas esplêndidas.

Em face uma da outra Amália triunfava. Ela era a aurora: e sua rival o crepúsculo suave e encantador. Assim Julieta timidamente, envolta no seu perfume de modéstia, afastava-se: e a sombra gentil e melancólica ia-se desvanecendo até esvair-se no fulgor que derramava a formosura da rival.

Foi então que Hermano sentiu uma dor agudíssima, como se lhe arrancassem vivo o coração. Arrojou-se com todo o ímpeto de seu amor para chamar a esposa, que se separava dele pela eternidade. Era ela a primeira amada, e nesse momento