Era o carinho dos pais e a predileta de quantos a conheciam. Muitos dos mais distintos moços da Corte a adoravam.
Ela, porém, preferia a isenção de menina; e não pensava em escolher um dentre tantos apaixonados, que a cercavam.
Os pais, que desejavam muito vê-la casada e feliz, sentiam quando ela recusava algum partido vantajoso. Mas reconheciam ao mesmo tempo que formosa, rica e prendada como era, a filha tinha o direito de ser exigente; e confiavam no futuro.
Outra e bem diversa era a causa da indiferença da moça.
Amália não acreditava no amor. A paixão para ela só existia no romance.
Os enlevos de duas almas a viverem uma da outra não passavam de arroubos de poesia, que davam em comédia quando os queriam transportar para o mundo real.
Tinha sobre o casamento idéias mui positivas.
Considerava o estado conjugal uma simples partilha de vida, de bens, de prazeres e trabalhos.
Estes, não os queria; os mais, ela os possuía e gozava, mesmo solteira, no seio de sua família. Era feliz; não compreendia, portanto, a vantagem de ligar-se para sempre a um estranho, no qual podia encontrar um insípido companheiro, se não fosse um tirano doméstico.