Página:Eneida Brazileira.djvu/152

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Anda a bombórdo; a pá que rasque as penhas;
Abeira a praia: quem quizer se amare.»
Ordens vãs; teme o velho occulto banco,
Desvia ao largo a proa. «Onde, Menetes,
175Onde ao revez te vais? Á esquerda, ás pedras.»
Gyas brama e rebrama; e olha a Cloantho,
Que interno, á sestra, forcejando o aperta;
Que entre as sonantes lages e a Chimera
Deslisa, e a meta subito pospondo,
180O pretere, e em mais fundo vai nadando.
Nos ossos arde ao moço a dôr violenta,
Não sem agua nas faces; e esquecido
De si, do commum risco, o frouxo mestre
D’alta pôpa despenha, e salta ao leme:
185Piloto, os nautas exhortando, o clavo
A’s praias torce. A custo acima veio
Menetes já pesado; e, gottejando
O mádido vestido, á roca trepa,
E em sêcco alli se assenta. A rapazia
190Riu do seu tombo, do mergulho e nado,
Riu das salsas golfadas que alijava.
Atrás, Mnestheu, Sergesto aqui se inflammam,
A Gyas contam superar moroso.
Junto ao cachopo, não com todo o casco,
195Sergesto avança; em parte só, que em parte
O cerra com seu beque émula a Pristis.
Mnestheu de banco em banco a gente incita:
«Forçai-me a voga, Hectoreos verdadeiros,
Que de Troia escolhi no extremo arranco:
200Mostrai-me agora o brio, o alento agora,
Qual nas Lybicas syrtes, qual no Jonio,
Qual do Malea em correntes impulsoras.
Mnestheu já pela palma não contende:
Oh! se eu... primem, Neptuno, os teus mimosos.
205Ser derradeiro, amigos, he vergonha: