Página:Eneida Brazileira.djvu/168

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«Da fortuna aos vaivens nos resignemos,
Ó dionéa prole; em todo apêrto
Soffrendo he que se vence a adversidade.
Tens cá divina estirpe, o troico Acestes:
735Consulta o seu querer. Das naus combustas
Lhe confia o sobejo, e os que se anojam
Da empresa tua; as abhorrídas madres,
Decrepitos e inválidos segrega,
E os que affrontar comtigo os riscos temem:
740Em terra hajam descanso; ergam cidade,
A que Acestes conceda o nome Acesta.»
Nos conselhos do amigo o heroe se accende;
Mas os projectos seus medita e pesa.
Na biga a parda Noite o pólo occupa:
745Eis do céo deslisando a sombra anchísea
Taes vozes diffundir se lhe afigura:
«Filho, que em vida mais amei que a vida,
Filho, a quem de Ilion molesta o fado,
A ti me expede Jove, que do Olympo
750Doeu-se e desviou da armada o incendio.
De Nautes o maduro aviso adopta:
Vais debellar gente aspera indomada;
Dos teus conduz ao Lacio a flor guerreira.
D’antemão baixa a Dite e ao centro escuro;
755Pelo alto Averno, ó filho, vem fallar-me:
Não no impio Tartaro, entre os manes tristes;
Moro sim, entre os bons, no Elysio ameno.
Muita rez negra fere, e a mim te guie
Casta Sibylla; aprenderás teus netos,
760E o dado imperio. Adeus; que humida a noite
Vira e descahe, e já do sevo oriente
Respirando os Ethontes me bafejam.»
Dice, e em ar se esvaece. «Onde, onde partes?
Tem-te, espera; a meus braços quem te arranca?»
765Tal Enéas discorre, e esperta o lume