Página:Eneida Brazileira.djvu/188

Wikisource, a biblioteca livre

No incitar os varões e accender Marte.
Pagem de Heitor, pugnava á sua ilharga,
No lituo singular, na lança eximio.
Extincto o grande Heitor ás mãos de Achilles,
175O fortissimo heroe juntou-se a Enéas,
Não somenos senhor. Mas quando, enchendo
Acaso o mar com resonante concha,
Louco a tanger os deuses desafia,
Á falsa fé, de inveja entre uns penedos
180O afogou (se he de crêr) Tritão nas vagas.
Todos, mórmente o pio Enéas, fremem,
Cercam-no pranteando; e obedientes
Á douta guia, ao céo funerea pyra
D’arvores cumulada erguer porfiam.
185Covil de feras, velha mata exploram:
Prostra-se o pinho alvar, grita o machado
No sôbro rijo, nas fraxíneas traves;
O fendivel carvalho as cunhas racham;
Vem dos montes tombando ingentes ornos.
190Primeiro no trabalho, exhorta os socios,
Dos mesmos instrumentos se arma Enéas;
E a mata olhando immensa, mil cuidados
No ânimo revolvendo, em preces rompe:
«Oh! se nesta espessura esse aureo garfo
195Deparassemos nós; como ai! tam certa
Foi contra ti, Miseno, a prophecia.»
Inda fallava, e ante elle duas pombas
Do céo voando na verdura pousam.
As aves maternaes o egregio cabo
200Conhece e brada: «Se ha caminho, ó guias,
Inclinai vosso adejo aos bosques onde
Rico sombrêa o ramo ao pingue solo!
No lance, ó diva mãe! não me falleças.»
Então retem-se a observar das pombas
205A tendencia e os sinaes. Pascendo aos vôos,