Página:Eneida Brazileira.djvu/190

Wikisource, a biblioteca livre

O remo do varão, o arnez e a tuba,
No monte Aereo, que he Miseno agora
E ha-de este nome conservar perenne.
Isto feito, prosegue e as ordens cumpre.
245De amplo hiato espelunca alta e lapídea,
Fusca selva a munia e lago immano,
Sôbre o qual transvoar impune as aves
Nunca poderam, tal das fauces turvas
Odor exhala pelo azul convexo;
250Donde em grego o lugar chamou-se Aornon.
Quatro almalhos alli tergi-nigrantes
A vate expõe, nos téstos vinho entorna,
Entre os cornos tosquia, e em sacro fogo
Lança em primicia o pello; vocifera
255Hecate no Erebo e nos céos potente.
Facas ao sangradouro, alguns em taças
Cruor tepido aparam. Mesmo á espada
Enéas das Eumenides á madre
E á Terra irmã cordeira preta immola,
260E a ti, Prosérpina, uma toura;
Alça da Estyge ao rei nocturnas aras;
Em holocausto as vísceras bovinas,
Derrama azeite no debulho ardente.
Eis sob os pés, ao primo albor do dia,
265A remugir o chão, mover-se os cumes
Do arvoredo; e na sombra, ao vir a deusa,
Surde um canino huivar. «Profanos, longe,
Oh! longe deste bosque, a vate exclama:
Tu, Phrygio (aqui denodo, aqui firmeza),
270Desembaínha o ferro, a estrada invade.»
Nisto, furiosa estranha-se na gruta;
Com não tímido passo a iguala Enéas.
Deuses! que imperio sôbre as almas tendes,
Caladas sombras, Phlegetonte e Chaos,
275Taciturnos vastissimos contornos,