Página:Eneida Brazileira.djvu/199

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Corre á direita, e alêm nos fica o Elysio;
No impio Tartaro, á esquerda, os máos padecem.»
Deiphobo então: «Sibylla, não te agastes;
Ao número me aggrego, e ás sombras tórno.
560Vai, glória nossa, vai; logra outros fados.»
Nisto, o passo torcendo, se retira.
Repara, e em sestra penha o heroe descobre
Tartarea tri-murada fortaleza,
Que rapido a rolar sonantes pedras,
565Cingem do Phlegethonte igneas torrentes.
De inteiriças columnas diamantinas
O portão da fachada, a demolil-o
Nem vale humano esfôrço, nem divino:
Ferrea tôrre se eleva; e de atalaia,
570Traçada opa sanguenta, sempre alerta,
Lá Tisiphone o portico defende.
Entram ais a estrugir, do açoute os golpes;
Arrastam-se grilhões; retinnem ferros.
Pára, e assombrado o estrondo haurindo Enéas:
575«Quaes as culpas? quaes dellas os castigos?
Explica, ó virgem: que alarido aquelle?»
E a vate: «Inclito chefe, ao justo o limen
Sceleroso he vedado; mas dos deuses,
Quando Hecate prepoz-me ao bosque averno,
580Mostrou-me os tratos, me levou por tudo.
O durissimo Gnosio Rhadamanto
He quem manda; e os indaga e pune os crimes,
E a confessar constrange os que expial-os
Para a tardia morte differiram,
585De os têr furtado ao mundo em vão contentes.
Ultriz, logo insultando os azurraga
Tisiphone; e a chamar as outras Furias,
Destorce com a esquerda e assanha as cobras.»
Eil-as de par em par as sacras portas
590No quicio horrísono a ranger. «Attentas