Página:Eneida Brazileira.djvu/202

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Que alumia outro Sol, outras estrellas.
Em graminea palestra alguns se exercem,
Brincam na fulva arêa em lucta e jogos;
Parte o compasso bate, e baila e canta;
665E ao Thracio, que dedilha ou pulsa as cordas
Com plectro eburneo, em roçagante loba,
A septívoca lyra accorde falla.
Nota-se alli de Teucro a estirpe egregia,
Nados em melhor quadra heroes magnanimos,
670Dardano autor de Troia, Assaraco, Ilo;
Sem dono ao longe arnezes, coches vagos,
Lanças no chão pregadas, e pascendo
Livres soltos corséis pela campanha.
De armas e carros o que em vivos tinham
675Gôsto, amor de nutrir nedios cavallos,
Esse da terra ao seio os acompanha.
Eis em festins na relva, á dextra e á sestra,
Ledo péan em côro outros modulam
N’um laureo bosque odoro, donde acima
680O Eridano caudal volve entre selvas.
Lá, da patria em defesa os vulnerados,
Os sacerdotes castos, os poetas
Que o puro estro phebeu não profanaram,
Os inventores das polidas artes,
685Os que renome obrando mereceram,
A todos nivea banda as frontes orna.
Circumdada a Sibylla os interroga,
E a Museu mais, que os hombros sobreleva
Do attento bando em meio: «Almas ditosas,
690E tu propheta eximio, onde, ensinai-me,
Onde Anchises reside? em busca delle
Do Erebo os grandes rios trasnadámos.»
Foi breve o heroe: «Nenhum tem certo o alvergue;
Sombrios lucos, vicejantes margens,
695De arroios frescas varzeas habitâmos.