Página:Eneida Brazileira.djvu/257

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E, para nenhum rasto haver directo,
Puxando a cauda e a recuar, no opaco
Petreo bôjo os fechou: pégada alguma
Não guiava á caverna. O Amphitryonio,
210Já gordo o gado e farto dos pastios,
Retirar-se dispunha, e os bois saudosos
Monte e bosque estrugiam de queixumes.
Do amplo encêrro igualmente uma das vacas
Muge, e de Caco as esperanças frustra.
215Da injúria ardendo e em negro fel, das armas
Hercules péga e do nodoso roble,
Corre ao cabeço aereo. Aos nossos Caco
Trémulo e demudado aqui mostrou-se:
Fugindo euros transcende, e aos pés o medo
220Azas lhe empresta. Já na gruta, abate
Penhasco ingente, rôtas as cadêas
Com que acima o ligava arte paterna,
E de espeques reforça e escora a entrada;
Eil-o, o Tirynthio em sanha os dentes range
225Accesso a perscrutar: férvido e iroso,
Todo o Aventino vezes tres rodêa;
Tres contra a saxea porta o esfôrço balda;
Tres descansou no valle. Aguda roca,
Asado ninho de funestas aves,
230Entre fraguras e a perder de vista,
Do antro estava no dorso: á esquerda o cimo
Sôbre o rio inclinava; á dextra Alcides
Carrega, e do imo a desarreiga e impelle:
Ao baque repentino o ethereo espaço
235Retumba; e, as ribanceiras retremendo,
Reflue medroso o rio. A immensa régia
De Caco descobriu-se, e appareceram
Umbrosos penetraes: qual se abalada
Rasgasse a terra hiante o dos infernos
240Pallido reino, aos deuses detestavel;