Página:Eneida Brazileira.djvu/292

Wikisource, a biblioteca livre

Em lugar proprio: os Italos as fôrças
Por derrocal-a envidam; propugnando-a,
Soltam calhaos os Troas, das setteiras
Despedem frechas mil. Turno o primeiro
525Joga ardente lanterna, e affixa ao lado
Flamma, que atêa ao vento e em solhos prende,
Roe e agarra aos portaes. Confuso e trépido
O tropel dentro em vão se refugia:
Recuam e amontoam-se onde a peste
530Não grassa; a tôrre, desabando ao pêso,
Rebenta, e do fragor todo o céo troa.
De seu ferro passados, semimortos,
O amplo destrôço os cobre, ou vem de peitos
Sôbre o rijo madeiro. Escapa Lyco,
535E o florente Helenor, a quem Licymnia
Serva ao meonio rei gerou bastardo,
E o mandou, contra o jus, armado a Troia;
Leve, em branco a rodela, inglório esgrime.
De Turno acha-se o moço entre as fileiras,
540Aqui e alli de batalhões cercado;
Perecedouro envia-se aos Latinos,
Onde as lanças mais chovem: qual, de bastos
Monteiros acuada, em sanha a fera,
Não ignara affrontando a morte certa,
545De um só pulo aos venabulos se arroja.
E Lyco, mais ligeiro, entre hostes e armas
Deita a fugir; a amêa quer pendente
Apprehender, segurar-se ás mãos dos socios:
Turno á carreira dardejando o acossa,
550Victorioso o invectiva: «O alcance nosso,
Louco! evadir contavas?» Pelas pernas
O aferra, e traz com gran’porção do muro:
No surto assim a armígera de Jove
Prêa nas unhas lebre ou alvo cysne;
555Assim rouba do aprisco o marcio lobo