Página:Eneida Brazileira.djvu/315

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A quem de alto covil descobre em luctas
No prado a meditar. Ao crêl-o a tiro
De hasta, avança Pallante; a audacia invoca
No desigual partido, e ao céo recorre:
455«Se hóspede, Hercules, fôste á patria mesa,
Na acção me assiste; eu rubras tire as armas
A Turno semimorto; olhe penando
Seu vencedor no bocejar supremo.»
Alcides o escutou; fundo ai comprime,
460Vãs lagrimas vertendo. Ao filho Jove:
«Cada qual, diz benigno, tem seu dia;
A vida he breve e irreparavel tempo;
Mas rasgos de virtude a fama exalçam.
Quanta em Ilio cahiu divina prole!
465Té Sarpédon meu sangue! Á meta chega
Turno tambem, e o chamam já seus fados.»
E foi do Lacio desviando os olhos.
Já teso a lança vibra, e da baínha
Pallante puxa a lamina fulgente:
470De vôo a ponta encaixa onde a espaldeira
Péga o braçal; do escudo as orlas passa,
Do hombro ao Rutulo ingente a cutis fere.
Turno pujante aqui de choupa aguda
Sopesa um roble, e grita: «Vê se o nosso
475Rojão melhor penetra.» E a coruscante
Farpa o broquel de ferreas e eneas pranchas,
De coiro taureo em dobras reforçado,
Rasga, os empeços da loriga fura
E o peito heroico. Em balde a quente choupa
480Do rombo extrahe: em sangue a alma esvaindo,
Por cima ao revoltar-se da ferida,
Sôbre-soam-lhe as armas, e expirando
A bôca o solo hostil beija cruenta.
Salta-lhe ao corpo Turno: «Arcades, grita,
485Não vos esqueça a Evandro o referil-o: