Página:Eneida Brazileira.djvu/321

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Que dirão meus soldados? Oh vergonha!
Deixal-os eu na lucta agonizantes!
Vejo-os daqui vagar, seus ais escuto.
Que farei? não me engole e some a terra?
665Ventos, piedade! recebei meu culto
Voluntario: o baixel a váos e escolhos,
A syrtes arrojai-me, onde nem saibam
Os Rutulos de mim, nem reste a fama.»
Tal discursava, e aqui e alli fluctua;
670Nem atina se enterre a crua espada
E em tanta affronta as costas se atravesse,
Ou se, entre os escarcéos, á curva praia
Nade e se restitua ás teucras armas.
Tres vezes foi tental-o, tres conteve-o
675A soberana Juno condoída.
O alto sulcando com maré propícia,
Na côrte do pae Dauno antiga aporta.
Já Mezencio cruel, de Jove a impulsos,
Lhe succede, e acommette ovantes hostes.
680Encontram-no aggravados os Tyrrhenos;
Alvo he dos golpes todos. Como rocha
Está, que, protendida ao mar e aos sopros,
Os embates resiste e os ameaços
Do céo violento e furibundo pégo.
685A Hebro Dolichaonio o varão prostra,
Mais a Latago e Palmo fugitivo:
A Latago um fragmento da montanha
Esmecha e esmaga o rosto: a rôjo Palmo
Rola dejarretado: a Lauso doa
690O arnez que hombrêe, as plumas com que se orne.
Escala o Phrygio Evante e o caro a Páris
Mimas, filho de Amyco, por Theano
Parido á noite que abortou Cisseide,
Prenhe de um facho: Páris jaz na patria;
695Mimas, que o não cuidava, em lacia borda.