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Como pareces contente
P’ra quem meigo t’acarinha?
Tua vida é só folgar,
De collo em collo a pular;
Todos te vem afagar
Como a mui tenra pombinha.

Meu anjo, por que sorris
Esse riso tão do céo?
Como á innocencia condiz
Esse divo sorrir teu!
Oh! troquemos nossa vida —
A minha, aos gozos fugida,
Pela tua, não vivida,
Por teu sorriso sem véo.

És tenro, lindo botão
De mui linda branca rosa,
Vives no seu coração,
É comtigo venturosa:
Cresce, cresce, linda flôr,
E que nunca o dissabor
Sobre ti verta o pallor
Da sorte desventurosa.

Em manhã fagueira e bella
Seja o teu desabrochar,
Venha a doce philomela
Os teus dotes decantar;