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Página:Eu (Augusto dos Anjos, 1912).djvu/87

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Eu, depois de morrer, depois de tanta
Tristeza, quero, em vez do nome — Augusto,
Possuir ahi o nome dum arbusto
Qualquer ou de qualquer obscura planta!

 

III

 

Pelo accidentadissimo caminho
Faisca o sol. Nédios, batendo a cauda,
Urram os bois. O céo lembra uma lauda
Do mais incorruptivel pergaminho.

Uma atmosphera má de incommoda hulha
Abafa o ambiente. O aziago ar morto a morte
Féde. O ardente calor da areia forte
Racha-me os pés como se fosse agulha.

Não sei que subterranea e atra voz rouca,
Por saibros e por cem concavos valles,
Como pela avenida das Mappales,
Me arrasta á casa do finado Tôca!

Todas as tardes a esta casa venho.
Aqui, outr’ora, sem conchego nobre,
Viveu, sentiu e amou este homem pobre
Que carregava cannas para o engenho!

Nos outros tempos e nas outras eras,
Quantas flôres! Agora, em vez de flôres,
Os musgos, como exoticos pintores,
Pintam caretas verdes nas tapéras.