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a sensação de um ser, a viver a vida de uma alma...

Pouco e pouco se accentuavam linhas, traços, aspectos, iam apparecendo novas formas intensas, que accusavam já a contornação de um vulto destacado nos amplos céos, gerado da face livida da lua.

Immensa dolência e immensa tristeza, transfundidas na asiática belleza judaica de Rabbino erradio e sacrosanto, como que envolviam n′uma bruma ideal de paixão essa mogoada e scisma- dôra figura.

E era, afinal, agora, pela metamorphose da luz, todo o busto sereno, a face dolorosa do Christo, como que surgindo n′um grande e profundo soluço mudo.

Éra a face do Cliristo, apparecendo nos sudários do Infinito, ciliciada no meio de esplendores sidéreos, com a imaginativa cabeça enxameada de curiosos e fascinadores apologos, côroada de épodos, inflammada dos segredos ardentes e voluptuosos do Christianismo!

E essa cabeça legendaria, de triste e de patlietica doçura, de emotiva pallidez romântica, avultava, avultava mais, n′um relevo fundo, como si se quizesse côrporificar e mover, abrindo desmesuradamente os olhos cheios de mysterios