Página:Evocações.djvu/168

Wikisource, a biblioteca livre
166


camará mortuária das almas ii′uma luz final consoladora.


Hamlet é o céo melancholico das almas, cujas estrellas tristes, contemplativas, deslumbram-nos de um goso quintescenciado e nos tornam cegos e perplexos de Indeffinivel...

Hamlet é a grande anciedade do Sonho, é o Sonlio se dilatando, se dilatando, como celeste, sideral serpente, na esphéra da Dor, tomando essas transfigurações, esses velados, sombrios silêncios e essas nevro-hysterias mentaes da Duvida.

Hamlet é o violino immortal e secreto do Pensamento humano que as torturantes noites nebulosas da Consciência ferem de sons desolados.


Hamlet é o Archanjo supremo das nostalojias, branco ebello, meisro, arrebatador e convulsivo, cujo gladio em chamma phosphorescente flammeja n′um fundo de sombra de exótico e fulminante desdém e cujo grave génio pallido, de uma alta e velha aristocracia de Sensibilidade, requintada e esquecida para além nos limbos da Saudade, se debruça, desespera e chora delyrantemente sobre o ideal firmamento de astros mortos do seu amor...