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perfeitamente originaes, côrrespondentes á originalidade do temperamento do artista, como, pois, que o que elle produz, não é prosa, não se deverá chamar prosa?

Por um lado até mesmo parece que não deveria ser esse o seu nome; não por não abranger o pretendido sentimento e forma especiaes, particulares, da prosa, mas por ultrapassar, por superiorisar-se, por tomar outra elasticidade, outras vibrações, outras modalidades que a prosa convencional e feita sob moldes estabelecidos jamais comporta.

Demais, prosa e verso, n′uma dada natureza, são côrdas vibráteis, manifestações integraes e simples de uma Estbetica pura e a parte.

E, dessas côrdas vibráteis, se muitos possuem apenas uma, com delicadeza, intensidade e côrrecção superior, não quer isso dizer que outros não possam, por excepcionalidade possuir duas, com igual ou maior côrrecção ainda, o que simplesmente indica complexidade e fôrça.

Um ser artístico, assim é como uma harpa exótica de duas côrdas: — uma côrda para a prosa, outra cdrda para o verso, formando os sons de ambas essas côrdas uma igual harmonia.

Ha horas em que o espirito, por infinitas dolências, pela volúpia do Vago, pelo desejo

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