Página:Evocações.djvu/20

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campanhas abertas da Vida e clama e grita: quem me dá uma Dôr, uma Dôr para me illuminar! Que eu seja o transcendentalisado da Dôr!

Vem para a Dôr, que tu a elevas e purificas, porque tu não és mais que a corporificação do próprio Sonho, que vagueia, que oscilla na luxuria da luz, através da Esperança e da Saudade — grandes lampadas de luas de uneção piedosa, cuja velada claridade tranquilla dá ao teu semblante a expressão immaterial, incoercível, etherea, da Immortalidade...

E essa Immortalidade em que meditas é a das Idéas, da Forma, das Sensações, da Paixão, crystalisadas maravilhosamente n'um corpo vivo, quente, palpitante, que sintas mover, que sintas estremecer, agitar-se n'uma onda de sensibilidade, fremer, vibrar nas efterveseencias da luz... Condensa, apura, perfectibilisa, pois, o teu Sonho — Sol estranho, em torno ao qual vôam condores e aguias victoriosas de garras e azas conquistadoras...

Para a gênese desse Sonho, para a gênese dessa Arte, é necessário o Optimismo da Fé, poderosa e religiosamente sentida; é necessário que a tua alma, forte, a vigorada para a grande Esphéra, tenha a Crença edificante e paire presa