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E, Araldo, é agora o Espectro, a Sombra, o Phantasma de si mesmo, que vê rodar, eternamente rodar diante dos olhos, n′um espasmo de allucinado, o tropel de Visões da alma gemente, das suas desesperadas Saudades. Vê rodar, eternamente rodar os inquisidores círculos múltiplos, trágicos, onde as suas excelsas Esperanças lentamente, monotonamente nasceram e morreram.

Já, clara e quente nos horizontes, a luz subira de todo, intensa, larga — mar de ouro, mar de ouro e pedrarias prodigiosas, auréolas de iris, sangue, azul e leite derramado abundantemente, vinhos preciosos de astros escorrendo das dornas celestes.

E Araldo, na sua peregrinação constante pelas florestas, caminhava...

Livido, a cabeça n′um bamboleio de fadiga, com os cabellos em pathético desalinho, como a cabeça de um enforcado, os olhos traspassados de um tormento mudo, a bocca sêcca, áspera, retorcida por um morno lúgubre, o seu perfi dolorosamente esquecido tinha uma doçura triste uma caricia dolente, uma taciturnidade tão funda, uma angustia tão cruel, uma afflicção tão desamparada, que parecia álgido cadáver que procurava para único descanso o tumulo que até mesmo na morte lhe éra vedado; ou então um

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